O mal do signo galanteador

    De tudo que Felícia acreditava fielmente, horóscopo era o mais importante. Durante os dias que estaria estudando para uma prova importante, preferia ficar horas na internet lendo as previsões de mês, e olha que elas sempre acertavam! Mas ela não esperava que no final de outubro apareceria alguém tão especial, esse nem o horóscopo anual acertou.
    Forte na medida certa e alto também, ele era diferente de todos os meninos que estava acostumada a sair. O que mais a empolgou em tudo isso foi pelo fato de terem signos compatíveis, ela leão e ele sagitário. Tinham tantas coisas em comum, falavam das mesmas coisas e também batiam muito de frente. Concordavam em ser livres mas também amavam o carinho de alguém. Esse só podia ser o amor de sua vida, quem mais seria?
    Todos os dias conversavam por horas e horas na internet. Foi assim por um mês, um amor virtual sem nunca se verem pessoalmente. Finalmente então eles se encontraram pela primeira vez. Não tinha mais o que fazer, ela estava apaixonada e ponto. A melhor parte era que o sagitariano estava apaixonado por ela também.
    Felícia se derretia quando ele a chamava de "minha linda", e só com um único sorriso ele podia mudar seu dia inteiro. Já tinha conhecido seus amigos, participado de festas do seu colégio e até conheceu sua mãe por acaso na fila de um banco. Depois de tantas desilusões amorosas, o destino realmente estava caprichando dessa vez.
    Mais um mês passou, estava próximo do réveillon e o coração da garota se cortava ao saber que ela não passaria perto dele. Sabia que tinha se entregado rápido demais a uma nova paixão, ela só não havia dito as palavras mágicas ainda, por medo de se machucar, pois na verdade toda garota gosta de amar calada.
    Engraçado como o sagitariano agia com estupidez às vezes, apesar de sua simpatia e empolgação, ele não sabia ser romântico, nem se lesse todas as poesias de Willian Shakespeare, e isso às vezes machucava, de um jeito como se ele não quisesse nada com ela, apenas curtir. E ela não aceitaria essa proposta estúpida, tinha seu valor em primeiro lugar e, depois de um dia todo pensando, decidiu terminar antes que ele fizesse isso com ela, mas no fundo, o que ela queria é que ele pedisse para ficar. Que ele falasse que errou e estava disposto a mudar. Enganou-se totalmente. Talvez, por raiva, quando percebeu o que ela faria, o sagitariano lhe deu um fora daqueles que formam cicatriz.
    O resto do seu dia foi um completo vazio. Aliás, o resto dezembro foi. De tão triste varava a madrugada cantando Amor Perfeito, mas não se deu ao luxo de chorar, nem uma lágrima só, nem se quisesse muito, nem se as cenas daqueles beijos não desgrudassem de sua mente. Mas como ainda acreditava no zodíaco, aprendeu a não se apaixonar pelo signo galanteador outra vez.