domingo, outubro 07, 2012

A noite dos sonhos

    Para muitos era apenas uma noite qualquer de festa junina no clube, mas para Juliana tinha tudo para ser perfeito. O vestido xadrez que havia mandado sua tia fazer ficou lindo, a maquiagem e o cabelo estavam impecáveis (finalmente ela resolveu assumir os cachos naturais que herdou), e o principal: ele estava lá, esperando ela, como foi combinado no dia anterior quando deram o primeiro beijo.
    Na verdade, parecia mais um sonho, seu melhor amigo, agora era quase seu namorado, e ambos estavam apaixonados um pelo outro. Tinha coisa melhor que isso? Dar certo um romance - tão temido pela sociedade - com o melhor amigo?
    Enquanto se arrumava, anotou no celular para não esquecer as três coisas mais importantes que tinha para falar. Uma delas seria dita quando os dois estivessem do lado de fora da festa, na rua, sentados num banco olhando pro céu. Juliana já planejava toda a cena em sua mente, aproveitaria o dia de lua cheia para dizer que quem enxerga um coelho na lua, significa que está apaixonado. Meio meloso, também uma indireta bem grande, mas o que ela queria, simplesmente, era dizer o que sentia pra ele e, quem sabe naquele dia, começar a namorar!
    Chegou no tal lugar feliz, seu sorriso ia de uma orelha à outra. Quando finalmente o viu então, seus olhos brilhavam mais que os de criança ganhando um brinquedo novo. Ela realmente estava feliz, mas mudou de comportamento quando ele a cumprimentou apenas com um beijo no rosto. Aquilo não parecia sinal de quem estava apaixonado, e Juliana se ligava muito em sinais.
    Para desespero da garota, este foi só o começo. Quando resolveu dançar com as amigas, olhou pro lado, e lá estava ele de novo, com seus amigos e... Uma garota. Uma baixinha com cara de treze anos e um cabelo feio castanho escuro. É claro que iria xingar a "outra" de todos os nomes possíveis mentalmente, ela tinha esse direito!
    A menina dançava com ele, se agarrava e tentava beijar. O pior é que ele olhava o tempo todo para Ju, como se quisesse ver qual era sua reação, como se quisesse chamar atenção.
    Uma garota tão meiga como ela, também era um tanto provocativa. Foi até o melhor amigo do menino e dançou com ele, dançou um tempão. Foi uma troca de exibição, um queria chamar mais atenção do outro, e não era pra tanto, Juliana não daria o braço a torcer, mas no fundo, bem lá dentro, achava que a qualquer minuto ele deixaria aquela do cabelo estranho de lado, e se declararia pra ela, com um belo pedido de desculpas e uma boa explicação. No entanto, de novo ele surpreendeu, beijou sua parceira de dança, e beijou de novo, e de novo, daqueles beijos de tirar o fôlego.
    A menos de seis metros longe, aquela que estava tão empolgada com a noite perfeita ficou imobilizada com a cena, e pois-se a chorar. Chorava muito, como nunca fez em toda sua vida. Correu pro banheiro e ficou lá por um bom tempo, mais ou menos até o fim da festa quase. Depois encontrou um mesa vazia, bem longe dele, e chorou mais um pouco. Só que infelizmente ele a encontrou, sentou do seu lado, e abraçou ela. É claro que ele sabia o motivo do choro.
    Foram lá pra fora e conversaram, sobre a vida e outras coisas, menos sobre eles e o que aconteceu. Ele disse que ia embora e tentou beijá-la novamente, mas Ju resistiu, não quis se humilhar mais. Atravessou a rua e foi com suas amigas, onde chorou mais um tanto.
    No dia seguinte decidiu que não engoliria sapos, mandou um recado falando tudo que sentia e o que sentiu. Não quis saber da resposta, talvez ele se arrependesse um dia, talvez não, pelo menos ela amadureceu, e aprendeu a não criar tanta expectativa quando se trata de coração, e também deu graças a Deus por não ter falado do coelho na lua, afinal, tanto isso como aquele amor, ambos eram lenda, apenas lenda.

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