sexta-feira, novembro 30, 2012

Foto para lembrar-se

    Depois de três anos passados, ainda era difícil para mim acreditar que o namoro acabou. Foram tantas promessas e juras em vão, como se fossemos uma pessoa só repleta de amor e paixão. Unidos pelo acaso naquele dia de inverno na sorveteria. Quem iria num frio tomar sorvete? Você, que foi atendido por mim eu meu primeiro dia de trabalho com a intenção de "juntar um dinheiro nas férias".
    Com um começo doce, quem poderia imaginar que acabaria tão amargo. Você se foi com a foto que tiramos juntos com aquela polaroide de seu amigo. A única que tínhamos, eu gostava tanto dela, fiquei com medo que você a perdesse. Fiquei mais ainda que você a rasgasse. Fotos assim, de momento único nunca mais voltam.
    Para minha surpresa, quando finalmente consegui me relacionar com outro alguém, alguém bateu na porta do meu quarto na faculdade, estava com o Rodrigo lá dentro e te vi assim que abri. Você deu um sorriso amarelo e se foi. Acho que o destino estava brincando com nós dois.
    Mais algum tempo passado te vi no shopping sozinho, empolgada fui a sua direção louca para abracá-lo, mas antes que pudesse chegar, alguém te encontrou e você foram juntos ao cinema. Pude perceber que não existia mais para você, mas não conseguia resistir àquele seu charme com a cardigã cinza que lhe dei de natal ou o brilho nos seus olhos que era o mesmo quando me viu pela primeira vez - vestida de um uniforme horroroso de sorveteria e uma touca no cabelo - mas que então brilhava por outra.
    Depois desse dia resolvi seguir minha vida, esquecer nossa história, virar a página, aliás, trocar de livro. Não sabia o que viria dali para frente, me alimentava de falsas esperanças de que havia lhe esquecido para sempre. Era tudo que mais queria naquele momento. Infelizmente festas e bares já não me agradavam mais, principalmente ipês roxos nas ruas, os mesmos que apareceram naquela foto, a mesma que você levou. Todos os dias continuava me perguntando onde ela estaria naquele momento. E se alguma namorava sua viu e pôs fogo nela? Ah, falando nisso, você teve namorada?
    Finalmente num dia qualquer, quando já havia terminado a faculdade e mudado para a Grande São Paulo, na rua te encontrei, enquanto procurava uma loja indiana para comprar outro incenso. Dessa vez não tinha ninguém por perto, apenas eu e você, e estranha pessoas que passavam do nosso lado na correria do dia a dia. Nos cumprimentamos e recebi um forte abraço, nem você esperava por essa atitude inusitada.
    Paramos na lanchonete mais próxima e conversamos sobre a vida, sobre você e, principalmente, sobre nós. Perdemos noção da hora enquanto ríamos de tudo. Na hora de ir embora percebi que você não podia ficar mais comigo e também não me levaria para conhecer sua nova casa, você confirmou que havia alguém te esperando, sua noiva, e você gostava muito dela. Quando estava saindo, voltei atrás e perguntei da foto, antes que nos encontrássemos novamente apenas depois de outros seis anos.
    Para minha surpresa ela estava em seu bolso, dentro da carteira. No momento que mandou ela ficar comigo para sempre, vi que era mesmo o fim, nunca mais haveria volta. Chegando em casa notei um escrito que havia no verso, um pedido de casamento junto de uma data, o dia em que terminamos. E agora só sobrou a foto.




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