sexta-feira, junho 07, 2013

Aquilo que foi escrito

    E quantas vezes o destino agiu ao nosso favor? Um simples encontro de pessoas que moram a mais de mil quilômetros de distância pode ser quase impossível de acontecer, a não ser que isso esteja predestinado a acontecer. Dizem que almas gêmeas sempre sabem quando devem estar num lugar para encontrar sua irmã, mesmo que sua mente não saiba disso. E pode passar quanto tempo for, ou quantas brigas tiverem, nada vai mudar o que o destino escreveu.
    Foi isso o que aconteceu naquele começo de novembro, quando começamos a conversar. Não sabia quem era aquele estranho que me conheceu por internet e nunca tinha visto seu rosto pessoalmente. Senti que nele podia confiar. Falávamos por horas, o assunto nunca acabava. Você me dava uma chance de mostrar quem eu era, eu não sentia vergonha em me expressar. Podia falar as coisas mais estranhas e engraçadas, que no fim você iria concordar.
    O amor é algo lindo dificilmente explicável, como uma aurora boreal, e foi de repente que senti essas luzes dançantes crescendo dentro de mim.
    Algum tempo passou até que pude aceitar minha primeira paixão. Tinha mania de sempre recusar, mentir para eu mesma, como se estivesse enganando alguém. Lembro que nos seus abraços eu me confortava e nos beijos eu me apaixonava. Era como uma ligação, que nunca senti por ninguém.
    Quando eu menos esperava foi o fim. Passei madrugadas em claro chorando, é claro que não passava de uma garotinha boba. Como não conseguiria te excluir da minha vida, deletei apenas das redes sociais. Ok, apenas de uma, mas era o suficiente para me impedir de querer tanto aquelas longas noites de conversas ou de beijos de volta.
    O ano acabou e prometi que seria um novo começo, então tocava a nossa música e eu desabava em chorar. Mais uma vez o destino agiu a nosso favor. Todos os dias te acompanhava nos corredores daquele lugar o qual devemos ir todos os dias. Nesses primeiros foi difícil, e o banheiro era o meu melhor amigo quando ia sofrer calada. Aos poucos fui me acostumando com sua presença, apesar de nunca tirar os olhos de você.
    Outro ano passou, dessa vez mais difícil, mas finalmente acabou! Novamente fiz promessas de que o que estava chegando seria um novo começo. Dessa vez eu seria mais forte, e isso seria fácil, já que eu não precisaria te ver todos os dias. Ótimo! Tirando o fato que você veio atrás de mim...
    Aproveitei a chance e o coração remendado para lhe fazer sofrer, o que eu mais queria era te iludir, enquanto outro lado do meu coração queria te abraçar. Duas pessoas no mesmo corpo lutando para acabar o que começamos há quase dois anos. Não querendo me gabar, mas eu realmente aprendi a jogar. Palavras, atitudes, linguagem corporal. Cada passo era sólido e muito bem planejado.
    Nos envolvemos novamente. Algumas vezes o meu amor que ainda existia no peito falava mais alto. Comecei a ter atitudes impulsivas e um ciúmes indesejado. A ter uma certa insegurança e um batimento acelerado. A saudade dos beijos da semana passada aumentava a cada dia, e eu queria estar sempre ao seu lado. Infelizmente meu corpo estava apaixonado.
    Ficava sempre com os pés no chão. Se me soltasse, subiria às estrelas, e assim maior seria o tombo. Alguns meses passaram e ninguém mais entendia nossa situação. Fotos apaixonados na internet e uma total dedicação. Um só sabia falar do outro. Então um dia, apesar de muitos dificilmente acreditar, você me disse "eu te amo", com o EU na frente, e algo que sempre acreditei, é que "eu te amo" é muito diferente de "te amo" ou "amo você" e, finalmente, aquele cara galinha e a menina do começo da história começou a namorar. Foi só uma questão de tempo.


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