Prazer, encantado. Encantado?

Não sei exatamente o que aconteceu. Uma hora ali bem e, de repente, tudo se foi. Como uma brisa rápida que nos toca e vai embora deixando tudo frio. Ela deve ter congelado seu coração...
Tudo aconteceu numa festa comum, com os mesmos amigos e o mesmo local de sempre. Nos conhecemos, trocamos olhares, você sorriu, eu também, parecia que ali rolava uma química inexplicável. Sua camisa polo com meu blazer preto pareciam ser a combinação de um casal perfeito que acabara de se encontrar. Mas você era real demais para mim, perfeitamente encantado, como um príncipe nos contos de fadas.
Você chegou devagar, me chamou de madrugada para conversar, falava de você e de seus sonhos. Chegou até contar coisas que ninguém mais sabia. Me sentia especial por ter a atenção de alguém tão fechado, mas que estava sendo sincero comigo, e parecia estar satisfeito em ter alguém para confiar.
Sei exatamente o que pensa de mim: uma menininha boba apaixonada, com olhinhos inocentes e que nem sabe nada da vida direito. que acabou de aprender a andar e já quer ser maior que o mundo. Sei que você gosta do meu sorriso ingênuo, e pensa nele pelo menos uma vez por dia. É, eu desejo isso. Você me subestima e acha que eu não tenho sentimentos, ou simplesmente força para mostrar que sou uma mulher, mesmo me tratando como uma na hora de encarar a roupa que estou usando.
A verdade é que eu gosto de olhar para você, gosto tanto que às vezes prefiro nem olhar. Gosto de olhar no fundo de seus olhos, mas me odeio por me perder neles de tão profundos. Me odeio mais ainda por ficar hipnotizada com seu perfume e como ele fica bom em sua pele.
Você me faz mal e eu gosto disso; ao mesmo tempo você me faz bem, e eu me odeio. Você me confunde e me deixa louca. Tenho raiva de sua inteligência e de como você é bonito usando ela, mas odeio mais ainda sua arrogância e como você é metido as vezes. Amo quando você implica comigo e odeio quando você me esnoba. Basta eu dizer algo que você já está prestando atenção e pensando no que falar para me provocar.
Eu acho que você desistiu de alguém tão complicada, alguém que não resistiu fácil como você era acostumado. Sabe cinco meses não é exatamente uma história de vida, mas para mim foram momentos que não deveriam ser esquecidos. Cada beijo era intenso, cada palavra parecia ser sincera. O melhor era ser abraçada por você e sentir que podia confiar, podia ser protegida, mas agora cada suspiro trás uma lembrança mais irritante. E eu não quero olhar para trás.
Agora você me trata como amiga, uma amiga distante, colega talvez. Não me chama mais com tanta frequência. Só vem quando precisa de informação. Age como se nada tivesse acontecido e se vangloria disso, mas sabe que sou orgulhosa demais para correr atrás. Se eu sofro, o que importa? Prefiro derramar mil lágrimas de algo que já acabou do chorar presa num relacionamento ioiô: vai e volta e não sai do lugar.
Então a brisa congelou seu coração, e agora tudo não passa de lembrança que quero trancar numa caixa. Você é bonito, inteligente, se veste bem e é encantado, real demais para mim. Eu não quero um príncipe que me alimentada de falsas esperanças, quero apenas alguém sincero e que me ame, sentimento cujo você é fraco demais para sentir.